Textos

HUCK RIQUINHO MITO DOMINICAL
HUCK RIQUINHO
MITO DOMINICAL

EM 1995, depois de tentar editar, em várias editoras, o romance de ficção realista e científica “A Mochileira (Thundra), eu mesmo precisei editá-lo. Não houve nenhuma resposta das editoras às quais distribuí xerox deste livro, solicitando avaliação editorial. Eu mesmo o editei em letras miúdas para poder ter condições ($) de investir na editoria.

NESTE PAÍS, o escritor que não nasce rico, não tem condições de acontecer literariamente. Não há inteligência nas editoras brasileiras. O que há nelas é a vontade de ganhar dinheiro editando quem paga adiantado pela edição. Tudo indica que nunca vai haver possibilidade de renovação na literatura nacional, a partir dessa política editorial.

SE O AUTOR não nasce rico, ou não cede aos apelos da cultura nacional dos costumes sodomitas, este autor não consegue editor, por mais que demande esforços no sentido de sensibilizar a inteligência (inexistente) nas avaliações editoriais (se é que existem). Não há, nas editoras brasileiras, quem tenha condições de avaliar literatura, o que faz com que o mercado de consumidores de literatura, do ponto de vista de sua formação atual, inexista. Essa é uma política com conexões políticas, econômicas, culturais.

O BRASIL É um país de analfabetos, absolutos e funcionais. Os primeiros não leem nem escrevem. Os segundos, os ignorantes funcionais, leem, mas não tem ferramentas intelectuais de interpretar os textos, nas três dimensões da cultura, os textos lidos. São elas, as três dimensões da cultura:

ABRANGÊNCIA (verdade das práticas culturais), ATUALIDADE: (a dinâmica do entretenimento que adapta o espectador à cultura pueril) e PROFUNDIDADE: os fundamentos que sustentam a cultura do entretenimento (Huck & Cia. Dominical).    

AS CONSEQUÊNCIAS dessa cultura do entretenimento do Huck e seus sequazes dominicais, são os transtornos mentais coletivos: violência social abrangente, qualidade de vida muito abaixo da média de outros países, imoralidade infantil ampla, feminicídios às dezenas, anorexia nervosa, esquizofrenia, transtornos de personalidade pessoal, familiar, nos agrupamentos sociais, altas taxas de suicídio, psicopatias diversas, comportamento impulsivo (borderline).

A PSICOPATOLOGIA pessoal, social, é mantida em todas as classes do estrato social ao qual pertence a pessoa, pelos mais diferentes motivos. Não há um transtorno mental social que possa ser considerado “o mais inseguro, hostil ou ofensivo”. Os transtornos variam de indivíduo para indivíduo, a depender de sua condição pessoal e social.

O TRANSTORNO do Huck é considerar sua atuação no programa de entretenimento dominical, uma contribuição à pacificação da sociedade em seus estratos mais inferiores. Ele se mantém enganando a si mesmo e, principalmente, ao público que garante a audiência da programação dominical da R$de Glob$. O objetivo não é fornecer uma vida melhor a uma parcela irrisória da população economicamente mais vulnerável. O objetivo é manter o alto faturamento nos intervalos de tempo dedicados à programação das inserções na propaganda do programa.

HUCK RIQUINHO domina na palma da mão seu público entusiasmado, vibrante, alvoroçado. Nada contra o$ riquinho$. Nada contra os ricãe$. O problema está é na sociedade que eles mantêm atrelada à pobreza, à miséria esperançosa das cabeças de gado da manada ferrada pela educação subliminar, por uma cultura da enganação, por uma cultura gerida por bandidos tipo Artur Lira, por sua quadrilha de apoio à corrupção nas verbas públicas do Congresso.

O PROBLEMA é a continuidade de uma educação para as drogas, o alcoolismo e a sodomia generalizada. O problema é a alegria carnavalesca nos coliseus do futebol cheios de cachaça da “bola”. O problema é uma sociedade que não se esforça um mínimo dos mínimos em contribuir para mudar seus paradigmas culturais. O Papa Francisco dizia que no Brasil há muita cachaça e pouca oração.

O PROBLEMA é a mãe coletiva grávida, sem nenhuma instrução escolar, sem nenhuma cultura do intelecto desenvolvido, parindo aos montões, seus filhos para a arregimentação da manada terrorista, a seguir a figura quixotesca do “mito”, o capitão Brancaleone, no momento político aziago, nefasto, em que clamava, a multidão pela derrocada da democracia, em nome de um presidencialismo de coleira, tendo o Bozo puxando o colar, a gargalheira, o mutirão da bandeira verde amarela, o punhal verde amarelo, do assassinato da democracia.

O PROPBLEMA não é o Huck Riquinho a bradar premiação libertadora de uma cabeça de gado em cem milhões de cabeças da manada. O problema é o péssimo uso do tempo televisivo para fazer proselitismo entusiasmado de uma cozinha nova, de um carro lata-velha reformado, de uma casa de favela modernizada segundo os padrões da propaganda de sofás-camas, Tvs, armários, do fogão da cozinha. A geladeira nova como se fosse a salvação da lavoura arcaica.

O PROBLEMA de Huck Riquinho é o de manter o clima de grande entusiasmo da plateia por uma promoção que, no mérito da intenção subterrânea do programa, da excitação eufórica, só se justifica na enganação sorrateira de uma plateia de milhões de bundalelês apreciando a diversão pueril no sofá da sala de jantar, como se fosse uma cerimônia social que os libertaria de suas mais miseráveis circunstâncias. As circunstâncias do Huck Riquinho são diferentes das circunstâncias, pessoal e social, de seus favelados de estimação.

DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 27/04/2025
Alterado em 30/04/2025
Copyright © 2025. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.


Comentários