Textos

Neuro Cardume (Piauí Pop)
Mam ãe diga ao seu menino
Me diga como ser masculino
Quero saber o que é que há
Você sabe a hora em que vou
Começar a ter coceirinha
Naquele lugar?

Mam ãe você sabe ou não sabe
Até onde vai a idade
De ter já-começa naquele lugar
De ter de ficar na vontade
E na mão e no imaginário faturar

Mam ãe me diga a verdade
Se é que você mesma sabe
Para que tanta cocota
Do muito se dar
Mercado cosmético
Do rio pru mar as águas
Deságuam nesse navegar

Aonde?
Ma ãem suas filhas comadres
Como fazer pra não chegar
Muito tarde no vinco da saia
Da grande cidade das águas
De março que há muito ardem
Na mediocridade desse navigare

Pra onde?
Ma ãem diga uma única vez
A verdade, para que toda essa
Vontade de povoar todas essas
Cidades de carne com a vaidade
Dessas adolescentes que correm
E vão inundar a correnteza do rio
Que só, que socorre pru mar

Da onde?
Oh mãe de divina bondade
Preciso, quando chega a idade
Fazer-me adulto com elas
Sambar, os homens chegam
Primeiro e depressa as fazem
Secar. Antes que eu possa, menino
Bulir os dedinhos naquele
Lugar. Onde elas diversas se
Fazem gostar nas conversas
Nas festas nos clubes noturnos
Onde correm pru mar
Aos montes.

Oh mãe em meio a tanta oferta
Ban-daid, calcinhas e pernas
Abertas, vou achar a namorada
Que vai caminhar ao meu lado
Na estrada desse chão dessas matas
Onde cantou o sauiá
Qual a mina que vai me reforçar
A coçar coceirinha naquele lugar
Se esconde.

Oh mãe pra que tanta tpm
Peixinhos de short, bermudas
Calcinhas jeans e sorvetes
De creme no bar e no lar da sala
De jantar há mais beijinhos
Que nelas vou dar que esses
Peixinhos que existem no mar
Distante.

Ma mam essas suas meninas
Migram de seu colo para essas
Esquinas onde os tubarões estão
Sempre a rondar, que elas rodem
A bolsinha naquele lugar
E quem vai um dia tirá-las
Do fundo do mar, das areias
Das praias em que vou caminhar
Tão longe.

Mã inha venha cá me socorra
Saia dessa história pra outra
Do rebanho de filhas que vai
Desgarrar nas esquinas da porra nas
Praças de todo lugar os cabacinhos
De pátio de igreja pru tubarão traçar
Na zorra.

Mã inha você não está nem aí
Pra Lurdinha, Marieta, Lalá e Fifi
Elas que lambam as feridas do lar
Com suas cinturas os cós
A navegar as águas turvas pra baixo
Pra riba na beira do cais
Do rio Parnaíba. Você nunca
Vai saber roçar suas mágoas
Nem esvaziar o conteúdo
Fetal das barrigas delas
Tão outras, tão mesmas
Ou bater na janela apertar
As sinetas das portas fechadas

Nos motéis, nas casas marotas
Onde se firma a civilização das
Nádegas globalizadas pelas intrigas
Os pagodes, os barracos e pagodes
Do Jornal Nacional, novela do
Horário Nobre

Quando a ficha finalmente cair
Os números de sorte da mega-sena
De suas queridas meninas, falenas
Restará apenas a esperança
Da pensão do filho por parir
Fazendo valer esse pacto social
Subscrito pelos políticos traquinas

Da Pedra do Sal tão demagogos
Tão cristãos, tão sempre iguais
Dançando o can-can nas paradas
Musicais, nos festivais populares
Nas esquinas desse Afeganistão. Haá!
Quem se importa? Você é que não!

Ma ãma Miramar.
Filhas do mundo
Do deixa sangrar!
DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 20/04/2010


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