Textos

Os Necro Antropófagos Da Tropicália
Os que superestimam o passado
Os poemas datados da década
De sessenta do século antiquado
Não têm mais o que dizer
Por isso é um tal de faz de tudo
Por não ter o que fazer

Exumam os cadáveres da Arcádia
Tropicália em busca de atualizar
Como quem dela não querem sair
Suas vidas anônimas de palha
Que o vento há muito levou
E esse dia D não quis carpir

Rebanho cultural da burocracia
Da canga maracangalha
Necrófilos da tropicália
Incansável, cada gourmet da iguaria
Fina. As tripas do Torquato devora
Ao sabor da cajuína cristalina
Em Teresina não se cansam de comer
As mesmas buchadas, a carne seca de
Torquato incansáveis no servir

As instituições culturais homenageiam
As tarefas dos saudosistas dessa cultura
De sombras. Elas choram, olhos vermelhos
De tersol, manutérgio de Pilatos
Em cada missa, hostil hóstia de 7° dia
São entregues aos carrascos do gólgota
À política dos burocratas rituais
O mesmo lavar as mãos para a Sociedade
Carente Dos Poetas Vivos. Eles não precisam
Divulgar suas poesias, seus romances
Seus livros são esquecidos como se a
Burocracia necrófila reservasse para o futuro
A exumação de suas obras em homenagens
Às tripas póstumas dos autores atuais.

Essa burocracia de necrófilos
Por Torquato pranteia livros
Chora lágrimas de urinol
Em cada secretaria da cultura familiar
Para elas inexistem novos poetas
Ignoram-nos de sol a sol
Uma literatura em busca de estar
Arder nos corações e nas mentes
A mundividência de um novo dia
Fazer raiar outro horizonte solar

A burocracia a buscar vida nos túmulos
Onde a vitalidade não mais existe
Não pesca a manhã ávida por raiar
Dos autores que desejam que haja
Amanhã e não apenas o Estige
Dos interesses políticos datados
Da burocracia necrófila insaciável
Que devora precocemente o cadáver
Futuro de seus Filhos.

A burocracia sonha a terra
Sob a rosa branca do rigor mortiço
Da morte. Em metametamorfoses
Investem nas louvações e louvações
Póstumas ao redor das mesas redondas
De fórmica promovem a exumação
Administrativa dos mortos.

E haja carne seca e servida
Garçons de cara dura servem bifes
De meninas e meninos devorados
Na flor da vida pela necrofagia
Insaciável dos que odeiam a vida
Presente, futura, preocupados em
Exaltar e exumar os poetas mortos
Ignoram a poesia da vida de hoje
De agora. Os semeadores do amanhã
Fazem parte do cardápio ordinário
Das políticas dedicadas aos afagos
Dos ministérios e secretarias da morte
Da usura. Do sistema de “incentivo
E desenvolvimento estadual à cultura”.
Dos necro neo-antropófagos.
DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 20/04/2010


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