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Big Brother Brasil (Normose Global Compartilhada)
Onde é, onde é, o lugar
Aonde todos são simbolicamente brancos,
protestantes, ricos dos olho azuis?

Tirem seus filhos da sua proximidade
Ou eles vão ficar semelhantes a vcs

Distanciem-nos de sua familiaridade
Ou eles vão repetir a rotina da normose de vc
E voltar a votar naqueles políticos
Que os fizeram escravos financeira,
Econômica e espiritualmente
Tendo por heróis da história social
Os ídolos elegidos para fazerem a propaganda
Das personagens de carnaval

Salvem seus filhos de sua adjacência
Ou eles vão viver uma vida normal
Xerocando o emocional neura de vocês

Vc é do tempo atual dessa Guerra-Fria
Ela te fez comprar a propaganda da liberdade
Mas o medo à liberdade é característica
de cada um sentimento coletivo de vcs

Seus filhos têm medo, o medo de que vocês nunca
Permitam que eles criem a própria emoção
Diversa do medo de vocêss

Eles necessitam criar
história
Seus próprios mitos
Sua própria nóia

Ganhar uma chance de ser responsáveis
Pela desconstrução de sua patologia

Soltem seus filhos dos cabides de empregos
De uma vida sombria e barroca em sua dimensão


Não impeça que eles tenham sucesso
Apenas para que vocês se sintam um pão

Vc já abriu o guarda-roupa e no espelho
Viu, preso, no rosto deles, sua cara de sorvetão?

Mas vc não está nem aí, não é assim que diz a canção?
Deles vcs não têm nenhuma compaixão

Tudo que vc pode oferecer para sua prole
É essa sua carranca de coronelão

Vc já se perguntou se a palavra povo
Rima com rede globo ou é só sua impressão?

Há trinta anos diziam que ela deu uma cara ao Brasil
Uma cara de “big brothers”
assados no panelão das 24 horas
de uma estética pobre, bélica

Moldavam a figura social, suas personagens
na carranca de cada um brasileiro
numa operação plástica nacional de guerra:
a globalização geral do horário nobre
contra o time do Brasil que não quer continuar
a se envergonhar de ser uma colônia
periférica da burguesia globalizada
pelo Fundo Monetário Internacional

Tudo que é sólido se desmanchou no ar
Chô-xô ingresia, sala de jantar

Por que nenhum valor a disseminar
Dura mais que uma semana de tv na sala de estar?
O mercado não quer valores?
O mercado execra valores?
Quem faz a cabeça do mercado?

Ninguém impede vcs de tirar passaporte
Quem te impede de se mandar?
Mas vc está preso à sua “liberdade”
À rotina da poltrona de quarta classe
A que tem acesso o seu salário
Na sagrada globalização
No vôo diário do avião
Na via crucis da paixão
Da sala de jantar


Dêem uma chance às novas gerações de fazer a mochila
Levantarem-se da poltrona, semelhantes a Lázaros
Não mais deterem-se em frente à tela
Para que os artistas que moldam a argila
De sua cara estejam fazendo
A cabeça de seus dedos
Na falta da outra
Que a tv de sua sala de jantar
Comeu com suas idéias seus cabelos
Como se o vento tivesse levado tudo
Sobrou seu discurso mudo, e só, sobrou

Não continuem filmando cenas
Em que sua garota vai imitar
Nas festas de aniversário
O sorriso de lado da falta de salário
No fim de todo fim de mês elementar

Por que não vão para a estrada, trocar idéias
Começar a tê-las e a não matraquear?
Trocando velhas figurinhas
Na sala de jantar?

Vão apenas figurar no filme da história
Como cidadão de terceira no fim do bar

Tirem as novas gerações do suposto conforto
Da dialética de morto da sala de jantar

Ou elas crescerão com uma mentalidade à “Big Brother”
Invadindo seu espaço natural
Para dizer coisas que só interessam à platitude global

O jovem sabe que a política econômica
Herança maldita do “rei Mulatinho”
Os faz chapinhar na necessidade
Enquanto o resto de vcs
Mentem-se como o avestruz:
Fazem parte da civilização
Onde todos são simbolicamente brancos,
protestantes, ricos dos olho azuis

Quantos milhares de quilômetros
A partilhar de litoral?
Vc tem jaça?
DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 17/04/2010
Alterado em 27/05/2011


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